A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec) recomendou recentemente a incorporação de uma nova terapia para o tratamento do carcinoma basocelular, o tipo mais comum de câncer de pele. Trata-se de uma técnica fotodinâmica não invasiva desenvolvida por pesquisadores do Instituto de Física de São Carlos da Universidade de São Paulo (IFSC-USP).
A tecnologia usa luz vermelha de LED para ativar um composto chamado metilaminolevulinato (MAL) previamente aplicado na pele, gerando espécies reativas de oxigênio que destroem células cancerígenas sem afetar o tecido sadio.
De acordo com a professora Cristina Kurachi, do IFSC-USP e uma das autoras do método, a indicação para incorporação no SUS pela Conitec é uma grande conquista da universidade. "Se concretizada, o Brasil será o primeiro país a oferecer a terapia fotodinâmica no sistema público de saúde", afirmou.
O equipamento de baixo custo que aplica o tratamento foi desenvolvido pela USP em parceria com a empresa paulista MM Optics. O método consiste na aplicação de uma pomada com MAL sobre a lesão cancerígena, que é absorvido pelas células tumorais em poucas horas. Após a remoção da pomada, a área é irradiada por 20 minutos com luz vermelha, ativando o MAL.
Ensaios clínicos coordenados pela USP em mais de 70 centros de saúde de todo o Brasil e outros 9 países mostraram que a técnica remove cerca de 90% dos tumores após duas sessões, sem causar cicatrizes ou outros efeitos colaterais graves.
A recomendação ainda precisa ser chancelada pelo Ministério da Saúde para que o tratamento seja disponibilizado no SUS. Ele se juntaria à cirurgia como opção de tratamento, especialmente para pacientes que não podem ser operados ou que têm tumores de baixo risco.
O carcinoma basocelular responde por cerca de 80% dos casos de câncer de pele no Brasil. Estima-se que surgem mais de 100 mil novos casos por ano no país. O principal fator de risco é a exposição crônica aos raios UV.
Caso seja incorporado, o país será o primeiro a oferecer a terapia fotodinâmica no sistema público, ampliando o acesso da população a tratamentos inovadores desenvolvidos dentro das próprias universidades brasileiras.